Pardal à chuva
Ó belo canário!
Que bem me faz ouvir o teu canto sempre que passo pela tua janela, o teu canto a libertar as minhas correntes por completo, a maldição que me sustém todos os dias a desvanecer-se sempre que escuto essa melodia.
Como eu queria poder fazer o mesmo a ti canário, romper essa maldição a que tu te encontras aprisionado, essa maldição que apesar de te magoar, te faz cantar e destribuir optimismo por quem precisa.
Se apenas tu me deixasses canário, eu subiria por essa janela que longos anos cobicei, abriria a gaiola, e voarias comigo pelo mundo, não preso a essa vida segura e protegida de ave doméstica, mas sim como uma bela ave selvagem e única como deverias de ser tratada.
Que dizes canário? Sou tolo? Sou tolo... porque não tenho uma gaiola? Um dono?
Talvez tenhas razão canário e o seja... mas não, por não possuir uma gaiola, comer a horas certas, e rebaixar-me perante uma dona canário.
Sou tolo porque apesar de todo esse desprezo que tu, belo canário, sentes por este pobre pardal, eu continuo ainda com um fogo alento, no meu pobre coração de vagabundo, de te tirar desse poleiro e viajares comigo asa a asa, rompendo ambas as nossas maldiçoes de existência, conquistando o céu do nosso destino juntos.
Olho a tua janela canário...
Hoje chove cá fora...
O teu dono não te deu o cheiro da liberdade abrindo essa terrivel janela...
Hoje, não cantas...
Olhas para mim com pesar.
Eu sinto um arrepio de frio... e espero canário... espero.
Que tolo eu sou, não achas canário?
Se apenas tu me deixasses canário.... se apenas tu me deixasses.
SONOS
Há 11 anos
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